quinta-feira, 9 de agosto de 2007

A implantação da Universidade Nova no Brasil (Reforma Universitária)

Muito se tem comentado sobre a implantação da Universidade Nova no Brasil, um novo modelo de ensino superior onde o acadêmico não escolhe a profissão que irá seguir imediatamente. É necessário cursar dois anos inicias que seria o ‘ensino fundamental’ da educação superior. Em um segundo momento deve-se escolher em que área deseja prosseguir os estudos, para somente depois escolher a carreira que o habilitará como bacharel, por exemplo. Porém, se faz necessário a reflexão de alguns itens da proposta de reestruturação da arquitetura acadêmica, ligando o cenário atual de ensino superior com o novo modelo proposto. O objetivo é refletir sobre algumas hipóteses de resultados após a implantação da reforma universitária e como seu modelo implicará em mudanças no formato de ensino superior atual, visando uma melhor formação profissional.

É comum a definição de que a educação superior existe para oferecer educação profissional. Isso leva o estudante a ter uma visão de mundo simplificada, ou seja, uma profissionalização deficiente. Os estudantes desde o ensino médio, quando ainda estão com seus 15/16 anos, precisam começar a pensar e optar pela profissão, principalmente aqueles que almejam ingressar em instituições públicas, cujo acesso é densamente competitivo. Nesse modelo apresentado já se inicia um processo de restrição da maneira de ver o mundo. Esses indivíduos são candidatos à profissão muito antes de serem candidatos ao saber. Com o descuido na preparação desses estudantes para um mundo complexo, torna-se muito freqüente a mudança de emprego e de ocupações ao longo da vida. O que resulta em profissionais que se formam e muitas vezes nem conseguem trabalhar na área. Segundo um estudo tabulado pelo Observatório Universitário com microdados do Censo Demográfico de 2000 do IBGE, um dos cursos que menos se trabalha na área depois de formado é Comunicação Social, com apenas 27% das pessoas graduadas atuando na sua profissão. Já a carreira que mais se trabalha na área é Pedagogia com 56% de seus profissionais. A questão que podemos levantar em relação a esses dados é se o modelo de ensino superior proposto para ser implantado, denominado Universidade Nova, resolverá ao menos uma parte desse problema de profissionais que se formam e acabam não trabalhando na área?

Segundo o INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, em 2005, 11% dos jovens entre 18 e 24 anos estavam matriculados em Instituições de Ensino Superior no Brasil. O Plano Nacional de Educação tem a meta de levar a educação superior a 30% dos jovens na faixa etária de 18 a 24 anos até o ano de 2010. Quando foi estipulada essa meta, não se falava ainda em Universidade Nova. Nós sabemos que estando na metade desse percurso e, ainda inseridos no modelo padrão de ensino superior, é praticamente impossível essa meta ser atingida até 2010. O que se pergunta é, se com a Universidade Nova essa realidade pode ser alterada e a meta ser atingida em um menor espaço de tempo? Outra reflexão que podemos fazer, é que se pensarmos no mercado de consumo, antigamente as pessoas compravam o que as empresas produziam. Na atualidade as empresas produzem o que as pessoas querem comprar. Então, se no mercado de consumo há evoluções, o ensino superior também necessita evoluir. Com a implantação da Universidade Nova, estaria ela cumprindo seu papel social respondendo as novas necessidades da educação superior que surgem na sociedade do conhecimento?

Embora polêmico, a Universidade Nova pode e deve contribuir para a evolução do ensino superior, e, precisa resultar em impacto extremamente positivo no desenvolvimento econômico e social do nosso país. Além de ser a única instituição social capaz de promover a recriação contínua da cultura. Em 2008 a Universidade de Brasília - UNB, entre outras universidades federais adotará este modelo, sua implantação é esperada com ânimo pela sociedade.

6 comentários:

¨*¨Vanes$a¨*¨ disse...

Mais e os aLunos???

A grande questão que se levanta neste panorama é o impacto que isso tem na formação do jovem graduando. De certa maneira, isso reflete em todo o setor... Mas, o foco tem sido atacar problemas estruturais vividos NA ORGANIZAÇÃO acadêmica da graduação, dando CONDIÇÕES para que o jovem faça uma escolha mais madura e que reflita em um profissional e um cidadão mais bem formado e com condição de lidar, de maneira autônoma, com o conhecimento que ajudará a produzir. Essa questão levanta muitos pontos de vista... Acredito que seja uma boa implantação, já que é uma boa oportunidade do aluno construir individualmete seu conhecimento...

Beijos...

Anônimo disse...

Gostei dos temas dos textos do blog, Roberto. Parabéns.

Achilles

Unknown disse...
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Unknown disse...

Gostei muito do artigo, acredito que assim é possível se ter uma visão geral do cenário, principalmente político e economico que é pouco ministrado em alguns cursos de graduação, mas me preocupo com aqueles que busca na graduação um aperfeiçoamento para a sua área de trabalho, ou para quem da continuidade a empresa familiar... isso talvés não possa causar algum desistumulo até a conclusão do ensino superior?

Att,

Daiane

XicoSávio disse...

Ser candidato à profissão muito antes de ser candidato ao saber é realmente colocar o "carro na frente dos bois". A Universidade Nova pode resgatar a universidade como local de ensino superior. O que percebo hoje são cursos cada vez mais "técnicos" disfarçados de "superiores".
De vez em quando vejo escrito em algum lugar que o conhecimento liberta. Alguém duvida disso?
Acredito que é uma função social da universidade formar cidadãos conscientes e capazes de intervir. Mas para isso, é necessário que a pessoa realmente se identifique com o que está fazendo.
Quando adolescente achava que tinha vocação para ser médico. Pela falta de segurança na minha suposta vocação e pelo gosto que sempre tive pela matemática, busquei uma profissão que era promissora; engenharia elétrica. Cursei 3 períodos e enfim resolvi fazer o que me deixaria feliz de verdade! Educação Física!!
Só lamento não ter tido uma melhor orientação antes de escolher o que queria ser quando crescer... rs
Grande abraço!

¨*¨Vanes$a¨*¨ disse...
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